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De romance e romancistas
Página publicada em: 19/01/2009
Nelson Hoffmann*
Três romances e três autores brasileiros, e a certeza de que esse gênero literário, ao contrário do que já se vaticinou tantas vezes, "está mais vivo do que nunca".
O romance, como o gênero literário que hoje conhecemos, surgiu com a burguesia. Com ele surge, também, a predominância da prosa sobre o verso e seu conceito abarca quase todos os outros gêneros. O grande nome desse novo gênero literário é Honoré de Balzac.
 
Segundo Carpeaux, antes de Balzac, falar em “romance” era falar em uma história extraordinária, “romanesca”, fora do comum; depois de Balzac, o texto de um romance passa a ser o espelho do nosso mundo, dos nossos países, das nossas cidades e ruas, das nossas casas, dos dramas que se passam em apartamentos e quartos como de nós outros.
 
Balzac faleceu em 1850.
 
De lá para cá muita coisa mais mudou. Mudanças mais de forma, que de fundo. O ser humano permanece inalterado, embora se apresente sempre sob novas roupagens. Houve até quem decretasse o fim do romance, quando dos extremos alcançados por James Joyce, em seu Ulisses; outros consideraram finda a literatura em geral, com a chegada do computador.
 
O contrário está acontecendo. O computador tornou-se um  excelente instrumento  auxiliar do  autor  e  um forte impulsionador da leitura. E o romance está mais vivo do que nunca.
 
Aqui, três livros o atestam: Palmerais, de Emanuel Lima; A Enxada, de Euclides Neto; e Meia-Vida, de Oton Lustosa. Três romances, bem diferentes na forma e muito próximos no conteúdo.
 
Emanuel Lima, com o seu Palmerais, usa a técnica do romance policial para retratar a região mais fértil do Piauí, no médio Parnaíba. Em torno da ação do Detetive Lacombe, convocado para decifrar misterioso sumiço de uma jóia rara, o autor vai construindo o painel do sertão. As descrições são feitas em traços rápidos, os personagens revelam-se pela ação. Os diálogos integram e desenvolvem a história. À medida que avança, a história vai mostrando a sociedade como uma verdadeira colcha de retalhos: pessoas de nacionalidades e interesses os mais díspares ali se encontram e entrecruzam. É um pequeno mundo perdido, que a gente acompanha com interesse, preso pelo suspense da ação detetivesca.
 
O título completo do romance de Euclides Neto é: A Enxada e a Mulher que Venceu o Próprio Destino. Por aí pode-se deduzir, já antes da leitura,  que o romance contém, e provavelmente demonstrará, uma tese.
 
E assim é. Só que é, ao contrário do que mais acontece, uma bela obra de arte. Albertina, a mulher que venceu o próprio destino, emigra da cidade para a roça e conquista a felicidade... junto ao cabo da enxada. A trajetória é contada em linguagem de cinema, por imagens e falas. O personagem explicita-se pelo uso do discurso indireto livre. O texto é coloquial, popular, regional mesmo.
 
A força e a beleza do romance está aqui, na linguagem, na recriação lingüística da fala sertaneja. A Enxada é um romance com cheiro de terra, fala de roça e voz de esperança. É um romance que precisa ser lido. E meditado.
 
Como precisa ser lido e meditado o livro de Oton Lustosa, Meia-Vida. O próprio autor nos alerta que quer produzir obra de arte – com ênfase no social. E faz isto com maestria.
 
O cenário do romance é a cidade de Teresina e seus pontos característicos. Em especial a feira Troca-Troca e seus freqüentadores múltiplos e típicos. O enredo pouco importa, importando mesmo as meias-vidas dos personagens miúdos da sociedade teresinense. Por ampliação natural da leitura, vislumbra-se toda a sociedade nordestina, observa-se a nossa sociedade, chega-se à sociedade brasileira em geral. A história flui com naturalidade e é narrada no tempo presente, o que lhe imprime grande agilidade. É um livro que está na melhor linhagem do nosso romance picaresco, cuja origem remonta ao inigualável Manuel Antônio de Almeida e seu Memórias de Um Sargento de Milícias.
 
Três romances e três autores.  Por cenários, uma cidade sertaneja, uma roça interiorana e uma capital nordestina. Por personagens, uma cidadezinha do interior caçada pelo capital internacional; um pedaço de terra apontando futuro; um punhado de gente miúda lutando por dignidade de vida em cidade grande. 
 
Três livros, três histórias. Atuais. Modelares. Tanto, que são espelho do nosso mundo.
 
                                                   Roque Gonzales, RS, outubro/1999.
 
___________________
*NELSON HOFFMANN é professor, escritor e crítico literário do Rio Grande do Sul traduzido para várias línguas; autor, entre outros, de Eu vivo só ternuras (novela) e O homem e o bar (romance)

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Autor

» Adelto Gonçalves

Jornalista com passagem em alguns dos maiores órgãos da Imprensa de São Paulo, professor univeresitário com doutorado pela USP (Univesidade de São Paulo), especialista em Literatura Portuguesa e Espanhola, autor de ensaios premiados, é também excelente ficcionista, como se pode comprovar neste romance "Os vira-latas da madrugada", um dos livros premiados, em 1980, no concurso de âmbito nacional promovido pela Livraria José Olympio Editora, que o lançou em 1981, e, trinta e quatro anos depois, é reeditado pela LetraSelvagem. "Adelto Gonçalves tem o dom de fazer viver suas personagens, convencendo o leitor de seu valor humano, mesmo quando suas ações, como as de Pingola e Quirino, lhe repugnem", escreveu Maria Angélica Guimarães Lopes, professora emérita da Universidade South Carolina, em resenha publicada na "Revista Iberoamericana", do Instituto Internacional de Literatura Iberoamericana, Universidade de Pittsburg, EUA, janeiro de 1985.

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