Editora LetraSelvagem

Editora e Livraria Letra Selvagem

Literaura Brasileira

Os melhores escritores do Brasil

Ricardo Guilherme Dicke

Romance, Poesia, Ficção

Deus de Caim

Olga Savary

Nicodemos Sena

Edivaldo de Jesus Teixeira

Marcelo Ariel

Tratado dos Anjos Afogados

LetraSelvagem Letra Selvagem

Santana Pereira

Sant´Ana Pereira

Romance

Nicodemos Sena

Invenção de Onira

A Mulher, o Homem e o Cão

A Noite é dos Pássaros

Anima Animalista - Voz de Bichos Brasileiros

A Espera do Nunca mIas (uma saga amazônica)

O Homem Deserto Sob o Sol

Romancista

Literatura Amazonense

Literatura de Qualidade

Associação Cultural Letra Selvagem

youtube
Destaque Cadastre-se e receba por e-mail (Newsletter) as novidades, lançamentos e eventos da LetraSelvagem.

Colunas

Fonte maior
Fonte menor
Um dia, ao Piauí
Página publicada em: 30/03/2009
Nelson Hoffmann*
Livros e autores revelam a fertilidade literária e cultural do Piauí
 
Um dia irei ao Piauí. Em lá chegando, vou direto à procura do Adrião Neto. Este eu sei que sabe tudo, conheço-o, com ele me acerto. Abraço-o e batemos um papo. Ele fala-me do Piauí, da geografia, da história, economia, política. Do turismo, é claro, também: do Delta do Parnaíba, do Parque Nacional. De sua querida Luís Correia…
 
E eu conto-lhe do interesse que a fertilidade do Piauí está provocando por aqui, no Sul. 
 
Fertilidade?
 
Isso, fer-ti-li-da-de. Não houve engano, não, está certo, a palavra é “fertilidade” mesmo. Fertilidade, em dois sentidos, até.
 
Em sentido natural, de solo, terra; e em sentido cultural, de inteligência, arte. Quanto ao natural, daqui, de minha região missioneira, de Santa Rosa e arredores, está havendo verdadeira corrida para os lados do Piauí, para o sul do Estado, para os domínios de Bom Jesus, Uruçuí. Para lá vão os nossos colonos, em nova cruzada de fé e esperança por dias melhores, o que lhes é garantido pela infra-estrutura das agrovilas e opulência das terras.
 
Quanto ao lado cultural, eu direi ao Adrião Neto que,  antes  de  conhecê-lo,  eu  sequer  sabia  que o Esdras Nascimento, o O. G. Rego de Carvalho e outros, de minha leitura, eram do Piauí. De lá, de tão longe, só mesmo o Assis Brasil; e isto, graças ao Prêmio Walmap, que destacou o fato.
 
O Adrião Neto, com o seu Literatura Piauiense para Estudantes, fez de mim um estudante do Piauí. Passei a interessar-me, o livro era por demais chamativo. Havia curiosidades muitas, eu estava sendo convidado para um mundo desconhecido. Embarquei. O Adrião guiou-me, mandando o seu Dicionário Biográfico de Escritores Piauienses de Todos os Tempos. E acrescentou-me o seu Dicionário Biobibliográfico de Escritores Brasileiros Contemporâneos. E somou Coletânea de Escritores Brasileiros Contemporâneos em Prosa e Verso. E adicionou Cordéis – Passeio pelo Jardim da História. E remeteu uma “De Repente” atrás de outra. E…
 
Eu mergulhei fundo na fertilidade dessa Literatura tão pouco conhecida por estas bandas sulinas.
 
Lá pelas tantas, um dia, encontrei o Herculano Moraes. Este apresentou-me a sua monumental Visão Histórica da Literatura Piauiense, em três tomos e sucessivas, revisadas e atualizadas edições. A obra é um panorama completo da Cultura Literária Piauiense, desde suas origens até os dias de hoje. Cada movimento literário, nacional e mundial, é delineado, a situação local é caracterizada e, a seguir, o autor é enquadrado. Cada autor é biografado, tem um texto selecionado e é criteriosamente analisado. Uma obra definitiva.
 
Um paralelo? Entre os livros do Adrião Neto e a obra do Herculano Moraes?
 
Já está nos títulos. Excelentes, cumprem tarefas diferentes.
 
A tarefa literária é tarefa estética. A estética vincula-se à sensibilidade e busca a perfeição. É uma atividade espiritual. Suprema.
 
No Piauí, um jovem poeta cumpre essa tarefa com rara competência. Dilson Lages Monteiro é o autor de Colméia de Concreto e Os Olhos do Silêncio. Os dois são livros da mais pura poesia. Um signo, um gesto, um pulsar desapercebido, qualquer existência, tudo é captado e motiva a sensibilidade do poeta. Apreendida a essência, surge a construção nova. Original. Com o mínimo de palavras e o máximo de significados.
 
Isto é poesia, isto é arte.
 
Como são da melhor arte, os textos desse grande poeta e prosador que é Francisco Miguel de Moura. A prosa do Chico Miguel, como é conhecido, é das coisas mais saborosas de que se tem notícia por aqui, como vindo de lá, do quase outro extremo desse imenso país. E A Vida Se Fez Crônica e Por Que Petrônio Não Ganhou o Céu são livros que a gente lê de uma assentada só. E se diverte. E se delicia. E se angustia. E se vive.
 
Francisco Miguel de Moura parece-me o próprio Piauí.
 
E, olhe, que eu não mencionei o Oton Lustosa, com o seu excelente Meia-Vida, nem o José Ribamar Garcia e o seu belo Além das Paredes. Também não comentei a intensa atividade literária da Presidente da ALVAL, Maria do Socorro de Carvalho, e o entusiasmo sem fim da escritora Francisca Miriam.  Ainda…
 
Sim, sim. Sei. Tem a Literatura de Cordel, a revista “De Repente”, o…
 
É muito, perco-me. O Piauí é-me tão distante e figura-me tão diverso que desando. Reconheço que preciso conhecê-lo melhor. O jeito é ir até lá, não vejo outro. Preciso ir. Irei, um dia.
 
                                                         Roque Gonzales, abril/2000.

 


Faça seu comentário, dê sua opnião!

Imprimir
Voltar
Página Inicial

Autores Selvagens

Autor

» Adelto Gonçalves

Jornalista com passagem em alguns dos maiores órgãos da Imprensa de São Paulo, professor univeresitário com doutorado pela USP (Univesidade de São Paulo), especialista em Literatura Portuguesa e Espanhola, autor de ensaios premiados, é também excelente ficcionista, como se pode comprovar neste romance "Os vira-latas da madrugada", um dos livros premiados, em 1980, no concurso de âmbito nacional promovido pela Livraria José Olympio Editora, que o lançou em 1981, e, trinta e quatro anos depois, é reeditado pela LetraSelvagem. "Adelto Gonçalves tem o dom de fazer viver suas personagens, convencendo o leitor de seu valor humano, mesmo quando suas ações, como as de Pingola e Quirino, lhe repugnem", escreveu Maria Angélica Guimarães Lopes, professora emérita da Universidade South Carolina, em resenha publicada na "Revista Iberoamericana", do Instituto Internacional de Literatura Iberoamericana, Universidade de Pittsburg, EUA, janeiro de 1985.

Colunas e textos Selvagens

© 2008 - 2021 - Editora e Livraria Letra Selvagem - Todos os Direitos Reservados.