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"Licânia", contações bonitas do escritor Clauder Arcanjo
Página publicada em: 09/11/2009
Silas Corrêa Leite*
Segundo o cronista, pode-se encontrar neste livro a singeleza da vida no tão peculiar contar de Clauder Arcanjo. Cores e cenas descritas com fruição embonitada da própria riqueza do olhar extremamente sensível do retratista de qualidade que pesca no remanso do cotidiano.
 
 
Silas Corrêa Leite
 
 
“As batalhas nunca se ganham.
Nem sequer são travadas. O campo
de batalhas só revela ao homem a
sua própria loucura e desespero,
e a vitória não é mais do que uma
ilusão de filósofos e loucos...”
 
William Faukner, O Som e a Fúria
 
A obra literária Licânia, de Clauder Arcanjo, por si só já se apresenta esteticamente bonita, principalmente enquanto projeto técnico-editorial também. E você, logo de cara, fica curioso a pensar de curtir para o mais breve momento possível o poder possuir o livro, adentrá-lo a partir da própria bela sedução do projeto da Capa (Tobias Queiroz//João Helder Alves Arcanjo).
 
Depois você para a correria da loucura que é a labiríntica Sampa de tantos contrastes sociais e impunidade generalizada, se aquieta como pode na medida do possível, se acomoda entre um blues e um copo de cerveja, e entra de cara na obra, vivenciando a expectativa de um estar-Crusoé em lugar novo, cidade do interior, procurando o entretenimento do remanso possível na arte. E pesca o primeiro conto “A Casa”.
 
Alias, você entra literalmente nela pela mão do autor também cativante pelo modo que cria seus contos, contos-crônicas, narrativas cativantes, bonitas. Você “vê” o tipo nas palavras, como elas se apontam e conduzem você serenamente. O veio da narração entorpece, leva, consolida a imagem da contação. Lindo enlevo. Qualidade ficcional.
 
Rua: casebres e mansões. Panos do tempo. Carcaças entrecortadas feito memoriais de percurso e releituras de vida com suas tantas significâncias de amor e dor. Arquivos e seus musgos. O colégio. A música. A vida com suas perdições e harmonias, levada na flauta. A sonata, o boné.
 
Contações gostosamente perfeitas. Clauder Arcanjo e a dor-partituras das suas histórias. Personagens maviosamente humanos resgatados, pinçados, pintados assim no palavrear aqui e ali costurando um lado meio zen-bucólico.
 
Identidade: a bruta dor. O Conto-ideia Cemitério, então, terno, paradoxalmente assustador pela loucura-leveza que prediz da criação-condução de. Daria um belo romance bem interessante, se o autor o aumentasse e fizesse tomar vulto para tanto, na engenharia das palavras para as quais tem belo acervo de recursos.
 
Pensei aqui e ali no Incidente em Antares, de Érico Veríssimo, mas o conto se virasse obra maior e encorpada, teria ainda mais beleza poética, com trejeitos da cidade que loca Cem Anos de Solidão de Gabriel García Márquez, algo mágico, o encantamento depois da morte, da fatalidade, uma cidade-nuvem, assim, alumbramento-lugar. Ainda um conto e tanto, o melhor do livro.
 
“As historias não são nossas(...) São daquele que fez o caminho no caminhar” (In, pg 52, Pó do Chinelo). A vida tem as tintas, tem os remorsos, mos e pós do tempo que nos enlivra nas acontecências também. Lindo conto "O Sineiro". Tocante, quase mágico-poético. O conto "O Riso do Cão" tem um “de-que” de causo, bem delineado, feito histórias que o povo conta.
 
Os contos te tocam com leveza, acenam, despacham-se e lá se vão, leitura a fora, revelações a dentro, mais a imaginação do leitor que também pesa ao assumir de per-si o que lê e alumbra em sua mente envolvida. 
 
E me fizeram evocar o retratista de meu tempo de criança, la na minha aldeia-mãe de criação, na linha do tempo pitoresca, o lambe-lambe capturando as entranhas da alma das coisas, das pessoas e paisagens, de sombras e penumbras delas, da cidade entregue ao deus-dará, de seus pretos e brancos, pretos e prantos, escombros e ramificações humanizadas de.
 
Clauder Arcanjo é um retratista das palavras. Coloca em sépia alguns momentos, figurando-os, com ternura e leveza. Mas sempre mantém o norte da mão em seu caudal criativo, somando fatos imaginário, suas construções arejadas, arquitetura de palavreiros, feito assim ainda um recolhedor de pertencimentos de seu tempo, sua época, com seu olhar ora irônico, ora cheio de humor, mas num delineamento que enserena verbos, tópicos e finais. A baunilha dos parágrafos.
 
Traz a singeleza da vida pro livro, para o seu tão peculiar contar. Descreve cores e cenas com fruição embonitada da própria riqueza do olhar extremamente sensível. Um retratista de qualidade pescando no remanso do cotiadiano dia-a-dia de uma pacata cidade do interior, que se alimenta de seres e de suas sensações e movimentos. Licânia. Contos, ou todos eles aparelhados formando um romance?
 
Clauder Arcanjo encorpou um livro bonito, que se apresenta bem e encrespa a cabeça do leitor com gosto de, ao final, querer mais e o que era bom acabou-se, quem leu arregalou-se, como dizia o Palhaço Buscapé de meu circo de antigamente.
 
O escritor provendo sua situação de estar no mundo. Julio Emilio Braz (Histórias Maravilhosas de Povos Felizes) diz que as histórias que contamos nos dão a eternidade...
 
Clauder Arcanjo desenha momentos resgatados de vidas no que muito bem retrata literariamente. E se faz parte do acervo literal pelas suas próprias mãos e com a sua bela paleta arquitetural de contações em alto estilo.
 
________________
*Silas Correa Leite é teórico da Educação, jornalista comunitário, conselheiro em Direitos Humanos, pós-graduado em Literatura e Arte na Comunicação (USP), autor de O Homem Que Virou Cerveja, Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador, Bahia, 2009, Giz Editorial, SP

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» Fiodor Mikhailovich Dostoievski

Já na estreia, com "Gente Pobre", publicado quando Dostoievski tinha apenas 25 anos, o crítico mais influente da Rússia, Vassilión Bielínski, vaticinou o surgimento de um gigante da literatura, comparável a Gógol e Pushkin, considerados os maiores escritores da Rússia. Recebido como “a primeira tentativa de se fazer um romance social” no país dos czares, "Gente Pobre" entretanto já prenunciava a incisiva e subterrânea sondagem psicológica da humanidade ‘humilhada e ofendida’ que se observa em todos os seus romances, e que levou o pai da psicanálise, Sigmund Freud, a considerar "Os Irmãos Karamazov" (1879) a “maior obra da história”.

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