Marcelo Ariel - Fale um pouco sobre sua vida, como você começou a pintar e o que a pintura significa para você?
João Castilho Neto – Nasci em 11 de julho de 1952 em uma fazenda no norte do Paraná (distrito de Joaquim Távora) da qual meu pai era administrador. Na fazenda havia uma escola (chamavam de “escola isolada”). A professora se hospedava em nossa casa. Aos cinco anos ganhei dela uma cartilha “Caminho suave”, caderno e lápis. Costumava copiar as letras e os desenhos da cartilha.
Aos 7 anos, ao entrar na escola, já sabia ler e escrever. Menino do interior, cresci sem conhecer rádio, cinema ou a também infante televisão. Interessei-me pelos livros, lembro-me que meu pai tinha uma coleção de livros de aventuras (coleção terramarear) com “Tarzan”, os "3 mosqueteiros” , “Viagem ao centro da terra” e outros quetais. A primeira história em quadrinhos que li foi um faroeste: “Bob Benson e o rancho Bê-barra-Bê”.
Aos 10 anos vim para São Paulo, onde residi com a família em Poá e depois nos estabelecemos em Mogi das Cruzes. No ginásio onde estudei, comecei a me interessar por pintura; tinha um amigo que trabalhava na banca de jornais de seu pai onde tomávamos emprestados os fascículos de “Gênios da pintura”. Foram meus primeiros mestres. Gostava particularmente de Di Cavalcanti e suas mulatas. Conheci uma pintora impressionista, Olga Nóbrega, que me iniciou no mundo das telas e tintas, primeiro a óleo e depois as acrílicas. A pintura é para mim a orquestração das imagens, sendo o desenho a composição.
MA - Qual a importância da linguagem dos quadrinhos no seu trabalho?
JCN - A linguagem visual e a escrita correram paralelas em minha formação. Fantasma, Flash Gordon, Mandrake, Capitão Marvel, Super-homem, Batman, alimentavam os meus sonhos. Mas era apaixonado mesmo pela Mary Marvel, Super-moça, Dale Evans, Diana Palmer e a princesa Narda. Talvez venha daí a fixação pela figura feminina e pela Pin Up. No ginásio, comecei a criar personagens e a fazer ilustrações para pó jornalzinho, impresso em mimeógrafo.
MA - Como você vê a arte no Brasil e no mundo hoje?
JCN - A arte de vanguarda, que era provocativa e instigante, se institucionalizou e hoje vive nas galerias, pastoreada por curadores que impõem seus gostos e interesses ao público e mercado. Talvez ela esteja viva e atuante em outras mídias alternativas como grafitte, stiker, atuando nos espaços urbanos.
MA - que é a vida para você?
JCN - A arte de procurar dar sentido ao Caos.
MA - E sobre a "Alma", o que diz?
JNC - É o motor que põe a máquina da vida em movimento.
Quais são seus trabalhos mais significativos e por quê?
JCN - Sempre é o que estou fazendo no momento.
.....................................................................................
João Castilho Neto participou com destaque da Coletiva Artes e Artistas Mogianos, em 1973; do Ateliê na Central de Artesanato do Amazonas-Manaus, de 1993 a 1995; da Mostra Individual UMC-Mogi das Cruzes, em 1999; da Mostra Individual "Alma Brasileira" - Casarão do Carmo, em 2001; da Bienal do Alto Tietê, em Suzano-SP; da XVI Mostra Afro-brasileira Palmares, em Londrina, Paraná, em 2001; da I Mostra de Arte Contemporânea-Instalações-Mogi Shoping, em 2004; da "Viajando pelo mundo através do olhar de nossos artistas-Feira das Nações-Mogi das Cruzes-SP", em 2005, entre outras, e possui obras expostas em Freiburg-Alemanha.