(OS CELEIROS DE UM POEMA ÉPICO PELA LEGALIDADE ÉTICO-HUMANITÁRIA)
E entregaremos a vós, nossos filhos
Não a nossa tristeza e dor
Vida de ser cumprida - e vivida.
Legaremos a nossa esperança ainda que tardia
Em forma de ferida; não...
mas em bordão. De alma espremida
de poesia...
A vida além da vida
A ferida aberta no chão...
- Lula livre, Lula livro – Que país é esse? LADRÕES NOS CELEIROS: AVANTE, COMPANHEIROS! Não verás nenhum país como esse caos que se vê agora, e que o poema épico do premiado escritor, editor e romancista premiado Nicodemos Sena escreve, explana, evoca e explora... E que tempos tenebrosos; a pátria vergada silencia e chora... E os celeiros da inclusão social histórica de outrora foram deitados fora.
- Chora a pátria antiga mãe gentil, chora; agora terra madrasta de Marias e Clarices, como na cantata do irmão do Henfil... Panurgismo, entreguismo, fascismo, bravata...O que fizeram daquele Brasil? O poema de Nicodemos Sena muito bem canta a sua terra vendida, ferida, e diz... SIGAMOS FIRMES, COMPANHEIROS.
São tantas as patifarias. O crime que compensa, no poder... Ah o perigoso migrante nordestino cabeça chata que saiu de uma área árida de seca... migrou e foi buscar água para a sua carecida gente, foi levar esperança, buscar água e trouxe um rio... E ergueu uma nação além de seu sofrer, muito além da dor de ter sobrevivido, de ter perdido o dedo na máquina de produção industrial, de ter perdido amigos, depois a mãe, depois a esposa... Pois o Lula Light Metalúrgico e Presidente por isso mesmo sofre sanções de mentiras, em tantas cantagonias...
Documento histórico o livro de tons e focos verdadeiros: Ladrões nos Celeiros: -Avante companheiros! muito bem retrata em poesia-carne-viva(vida) a maldição injusta e inumana do golpe, e seus antibrasileiros (de fascismos vezeiros...), e o que restou da pátria amada, bueiros.
Para não dizer que falou de flores, o poeta, contista, ficcionista, e editor, na poética letra selvagem das palavras diz de lágrimas, de injustiças, de perseguições, pois o que seria celeiro do mundo virou um sórdido fechado silo de abutres, fascistas, entre embustes, quadrilhas e cartéis. Mas, resistir é preciso. E precioso. E um livro com uma poesia em ritmo e resistência e consistência vem contando os flancos da história, e cortando... E nos faz lembrar Belchior: “Não se preocupe, meu amigo/ Com os horrores que eu lhe digo/ Ao vivo realmente é diferente/ Ao vivo é muito pior”... ("Apenas um Rapaz Latino Americano").
... a noite que era dos pássaros livres, agora, onde canta a sabiá?... virou a noite dos bárbaros... os inimigos estão no poder, cantou Cazuza. Que país é isso? Sigamos juntos... Juntos somos fortes. Avante, companheiros.... Da terra que era a prometida de Leite e Mel, e que sofreu o processo histórico de uma mudança de inclusão social sem precedentes históricos – o povo tomou a direção da barca, diria o saudoso poeta e líder africano Agostinho Neto – mas uma Presidenta que não negociava com bandidos foi alijada do poder ganho nas urnas, e o paisano ditador civil, que negocia com bandidos travou a constituição, feriu o estado de direito, e assim nefasto assomou-se para tirar o celeiro de conquistas históricas dos trabalhadores, desde a era Getúlio Vargas e depois de João Goulart, assim reformando o celeiro para si, para os seus eleitos de bastidores espúrios, para os poderosos covis ligados a agiotas do capital estrangeiro, quando o mercado não nos representa, a bolsa de valores não mata a fome, o temeroso excluindo a maioria absoluta da população de benefícios públicos, razão de ser do estado e de direito, como preconiza a própria carta magna que diz que todo poder emana do povo e que em seu nome deve ser exercido...
Enquanto houver poesia, ainda há de haver esperança?
Como diria o companheiro comandante ex-presidente Lula do Povo, pode se cortar uma rosa, duas rosas, três rosas, mas não se pode impedir a chegada da primavera. Pois a nossa primavera de legalidade virou temporão estorvo histórico, em que os cactos são cercas, os desenhos fascistas são arquétipos, as espadas e facas e balas de borracha são vinganças, as estrelas assustam subterrâneos e subcaminhos, os beijos de tantos judas transmitem ilegalidades de pai para filho bastardo, as tantas traições afinam caráter para embustes midiáticos e eleitorais, esconderijos pseudolegais salvam minorias impunes, ricos da elite insensível selecionam cobaias, corruptos vendem falsidades no contexto do “fora isso, fora aquilo”; o ódio customizado reina e viça – o fascismo sempre está no cio, disse Maiakovski - enquanto o cálice trasborda para o povão carente, com os usurpadores cantando nênias ao arbítrio, ao fim de tudo...
A mídia abutre baba ovo de serpente. Corvos de toga dominam tribunais insanos. Hienas dão salve geral para os exércitos e milícias. Chacais reinam nos carteis de propinas depois das privatizações-roubos. Ratos escondem o rabo e clamam dissimulados contra a corrupção... dos outros. Vermes falam em democracia de araque. Pústulas entre elites inumanas se regozijam. E um bando ignaro e parvo ainda diz amém para o arbítrio e escondem suas vergonhas.
Que país é isso? Não, vão verás um país como esse... Os picaretas estão no poder.
O livro-poema de Nicodemos Sena registra, assenta, conta, ilumina flancos em belos e tristes estrofes altamente poéticas, contando em versos, dizendo, registrando, datando, por isso o poema em si acorda, alumbra, rememoriza, diz e dispõe:
Avante companheiros! Eis o poema.
Tempos de vacas magras para a democracia. Chora a pátria mãe gentil. O autor de um dos melhores romances do Brasil, chamado A espera do nunca mais, com esse nome precioso e até mesmo profético por assim dizer, parece que enxergou no fulcro institucional de um devir que nos veio e choca. Ah, longa espera pelo que se nos virá... Mais, com outro livro, O homem, a mulher e o cão, de novo acertou no historial a seguir: O Homem, Lula, a Mulher, Dilma, e o Cão do fascismo...
Resistir é preciso. Escrever é preciso. FERIDOS VENCEREMOS?
Não existe democracia ético-humanitária ao sul do Equador. A (bel-terra) Bela-Terra Brasil não existe mais, camarada. Brazyl S/A é para poucos. A Lava Jato não lava o Moro. Justiça que é tendenciosa e parcial, jogo midiático, não é justiça, é quadrilha.
O livro no belíssimo, cadente e mavioso poema épico, acaba sendo um datado recolhe de colheitas de lágrimas, num registro desses tempos tenebrosos de muito ouro e pouco pão, de lucros impunes, de riquezas injustas como falou São Lucas nos Evangelhos.
Então, é um poema-livro-relato-documento. Que país é este? Esse era um país com humano projeto de inclusão social que finalmente ia pra frente, mas que retrocedeu anos luz, tipo, num “avante para trás”.
“Dentro de nós, as esporas do medo//que nos contrai o ânimo//que nos transforma em caminhantes trêmulos,//que nos faz tremer que nem varas verdes//nos ventos de setembro//” (pág. 42)
O livro Ladrões nos celeiros: avante, companheiros!, de Nicodemos Sena, acaba sendo assim uma espécie de livro “verás-que-um-filho-teu-não-foge-à-luta”. Estamos juntos, companheiros, nas trincheiras da resistência.
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*Silas Corrêa Leite é autor de Tibete, de quando você não quiser mais ser gente, Romance, Editora Jaguatirica, RJ, 2017