Brasil, Urgente - o jornal dos párias da Igreja
Página publicada em: 13/08/2024
Oswaldo Coimbra - R$180,00 (692 págs.)
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Neste livro, o leitor de 2024, ano de sua publicação, e os leitores das futuras gerações terão a oportunidade de conhecer uma história, infelizmente, semelhante a tantas outras, num país que costuma ser ingrato com seus heróis: a gênese promissora e o estertor inapelável de um projeto de comunicação crítico e libertador das consciências, que recebeu o sugestivo nome Brasil, Urgente, o qual surgiu num instante em que a chamada “grande imprensa”, no Brasil, era (como ainda é) eminentemente conservadora. (Continue lendo o texto das orelhas do livro...)
Entre “todos os nomes” deste livro, destacam-se os daqueles que, a duras penas mas com socrática alegria, realizaram, ainda que por um curto período, esse generoso projeto. Dorian Jorge Freire, Josimar Moreira, Ruy do Espírito Santo, Roberto Freire, Antônio Albino, frei Carlos Josaphat e outros nomes como Alfredo Gandolfo, Gilberto Moreira, Maria Olímpia França e Fausto Figueira de Mello são vozes que, embora silenciadas pela reação conservadora que bestializou o país em 1964, neste “livro vingador” teimam em não se deixar calar.
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“Na minha vida eu acho que nunca me senti tão combatente, tão soldado, como me senti no Brasil, Urgente. Era realmente uma guerra. Uma guerra contra tudo e contra todos, mas calcada numa necessidade de justiça muito grande. Eu acho que foi o primeiro jornal surgido no Brasil, de militância política revolucionária, com esta combatividade. E acho que foi pela combatividade que ele se caracterizou mesmo. O sistema permite a existência deste tipo de publicação por algum tempo, depois há um corte. Ele não dura, os jornais acabam sendo destruídos. Mas, o tempo que duram desafiam terrivelmente as organizações de esquerda e de direita. Para mim a existência destas publicações renova o Jornalismo. Elas dão ao Jornalismo mais independência. O fato de não existir, hoje, no Brasil, um jornal independente nos leva a viver com esta imprensa parada, cansada.” (Roberto Freire - Diretor responsável do Brasil, Urgente)
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Brasil, Urgente era um jornal que convocou Josimar, que tinha o Albino, tinha uma equipe de profissionais bem mais calejada. Então, ele foi pioneiro no aspecto do seu profissionalismo. Foi pioneiro quando se fala da diagramação, da titulagem. Ele usou, certamente, melhores artilheiros, artilheiros mais profissionalizados que os outros usaram.”
(Múcio Borges da Fonseca- Biógrafo de Josimar Moreira, diretor geral do Brasil, Urgente)
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“Era um jornal que todo mundo esperava bem comportado e que não foi bem comportado, foi um rebelde. Os caras esperavam mais um jornal na linha tradicional da igreja, ou coisa parecida. E o jornal apareceu tratando dos problemas sociais. Já começou, no primeiro número, com uma bordoada nos laboratórios multinacionais. Já foi um susto, no primeiro número. E foi por aí. O gênero Última Hora estaria ali até por contágio. Estávamos lá, eu o Josimar, o Dorian, mais outros elementos. Então, até por contágio a coisa iria. Mas eu acho que a adoção deste gênero jornalístico, no Brasil, Urgente, foi a tentativa de fazer o jornal aparecer. O Brasil, Urgente não tinha compromissos comerciais, enquanto o Última Hora tinha. Na hora de falar mal de um banco, o Última Hora tinha que pensar quatro vezes antes, ao passo que o Brasil, Urgente, não tinha este problema. O jornal era um dos poucos lugares onde se podia fazer denúncias, com a vantagem de que você podia denunciar, tanto de um lado, como de outro, sem ficar naquela coisa de centro. O jornal não era liberal-centrista. Era um negócio que dava bordoada para todo lado. Sem a rigidez das publicações do Partido Comunista ou correlato, aquela coisa chata e dogmática. E sem os compromissos dos jornais burgueses, comerciais. Então, era uma experiência, à certa altura, até adorável, até muito gostosa de ter”. (Antônio Albino - Secretário de Redação do Brasil, Urgente)