A inquietante gênese do nada
Página publicada em: 04/03/2025
Alfredo Guimarães Garcia - R$80,00 (204 pág.)
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Alfredo Guimarães Garcia é um dos mais importantes escritores da Amazônia brasileira na atualidade. Autor de livros nos diversos gêneros literários, ganhador de vários prêmios e dono de uma fortuna crítica invejável: (Continue lendo...)

“Vai você no cotidiano as observações retirando, com elevada sensibilidade, as motivações com que a literatura ousa as suas apresentações.” (Abguar Bastos)
“Alfredo Guimarães Garcia conduz com sedutora habilidade a narrativa. (...) O seu discurso, num registro preciso, é sempre ágil, fluente e, o mais importante, vem eivado de lirismo.” (Joel Cardoso)
“Alfredo Garcia tem o dom de dizer muito em poucos termos, que usa com maestria, escrevendo sempre de modo tal que dá ao leitor a impressão de estar reencontrando fatos vividos ou testemunhados.” (José Afrânio Moreira Duarte)
“Li O homem pelo avesso de uma assentada, porque é bom de ler, prende, é bem escrito, não tem o ranço de lugares-comuns que, em geral, dominam a produção literária brasileira. Muitos de seus textos são fragmentos propositais, instantes que ficam em nós, daí a sua qualidade de fascínio.” (Ignácio de Loyola Brandão)
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Além de ser uma aventura literária bem realizada, A inquietante gêneses do nada é um pungente testemunho do que aconteceu no período mais conturbado da pandemia da Covid-19 (2020-2021), quando o país estava dupla e literalmente sufocado, pela peste e por um nefasto governo de extrema direita, restando aos personagens enfrentarem seus temores e dissabores frente à intolerância, homofobia, racismo e negacionismo.
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Alfredo Guimarães Garcia nasceu em Bragança, Estado do Pará, em 1961. Publicou mais de 60 livros. É bacharel em Comunicação Social, com especializações em Teoria Literária (UFPA,1993), e em Gestão Cultural (Senac-SP,2021), além de mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Pará (UFPA, 2005).
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PREFÁCIO - A antropofagia como vingança da beleza.
Os processos de hibridações que atravessam as literaturas amazônicas perfazem um jogo performático peculiar. É como se as ações desse processo fossem deglutindo e aglutinando, ou para usar uma terminologia que ficou conhecida dentro do campo das artes, a partir do movimento modernista de 22, que é o antropofágico. Mas, no caso especificamente das literaturas amazônicas as ações antropofágicas atuam também como uma espécie de vingança, exatamente no momento em que é capaz de interrogar os silenciamentos em torno das literaturas amazônicas. Há muitos exemplos, mas dois nos chamam bastante atenção, que é o da poeta Olga Savary, que aglutina em parte de sua poética palavras das línguas dos povos originários, e o do romancista Benedicto Monteiro, que se utiliza de materiais diversos para tornar seus romances antropofágicos.
Neste romance "A inquietante gênese do nada" o escritor brasileiro Alfredo Guimarães Garcia nos mostra com maestria como o processo antropofágico amazônico pode ser múltiplo, para além de uma simples vingança. Pois, no corpo textual desse romance Alfredo Guimarães Garcia faz delinear em nós as vertigens entre a vida e a morte, através de uma linguagem híbrida, heterogênea, multifacetada, aproximando, por exemplo, a escrita e a oralidade em um jogo disjuntivo de significações.
O antropólogo Fernando Ortiz, se tivesse lido "A inquietante gênese do nada", escreveria “eis aqui o grande exemplo ou a grande síntese da transculturação por meio da linguagem”. O fluxo da linguagem nos reconecta com o que há de mais tênue entre a vida e a morte. As marcas em torno deste fluxo fazem reverberar uma polifonia que é, por vezes, desassossegante, e cumpre um dos papéis fundamentais das literaturas, que é o de inquietar os sentimentos humanos. Esse não é um romance para ser apenas lido, mas relido. Há nele um dentro e um fora que obrigará o nosso eterno retorno, isso porque Alfredo Guimarães Garcia convocou para dentro desse romance um coro de mil vozes, que já não se contenta com o silêncio, e entre pedras, águas, árvores e estrelas, aprendeu a gritar. Uma das questões centrais do romance é essa: quem dentre nós está preparado para a vida e para a morte? Não há resposta possível porque a multiplicidade imagética em "A inquietante gênese do nada" é fazer com que possamos sentir em nosso corpo a vingança através da beleza da linguagem, e somos levados nessa história a mergulhar, a ir, cada vez mais sendo levado para o fundo do fundo de todo aquele mundo de silêncios das águas. (Prefácio de Airton Souza)